Transplantes de rins aumentam no estado e na região de Itapetininga
segunda-feira, 12 de março de 2012Segundo levantamento da Secretaria Estadual de Saúde, o transplante de rim aumentou em 20% no primeiro bimestre deste ano, em relação a 2011. Foram 272 cirurgias nos meses de janeiro e feveiro de 2012, contra 226 no ano passado. O crescimento está relacionado com a maior quantidade de doadores. Só nos dois primeiros meses deste ano foram 164 doadores, 22,3% a mais que no mesmo período de 2011.
Dados regional
Atualmente, o Conjunto Hospitalar da cidade Sorocaba (CHS), no interior de São Paulo, que também responde pela região de Itapetininga, atende 185 pacientes em hemodiálise e 70 em diálise peritoneal (este tipo de diálise permite ao paciente fazer seu tratamento em casa, durante o sono, tendo o dia livre para realizar suas atividades). Conforme a Secretaria Estadual da Saúde, este método é ainda pouco explorado no país, tendo destaque na região.
No ano passado, o CHS realizou 26 transplantes renais de pacientes (9 com doador vivo e 17 com doador falecido, dois deles de fígado e rins simultâneo e mais dois de rins e pâncreas simultâneo), com aumento de 44% em relação a 2010, com 18 transplantes.
Ao contrário da projeção estadual, a doação de rins no CHS caiu. No primeiro bimestre de 2012 foram seis doações, e oito no ano anterior.
Falta campanha
Apesar do crescimento dos transplantes, ainda faltam melhores condições e informações para as pessoas, como informa a médica nefrologista Simone Battaiola, de Itapetininga, interior de SP. Para ela, o poder público precisa investir mais em políticas públicas relacionadas à saúde, para aumentar o diagnóstico precoce e medidas de prevenção.
Proprietária de um centro de hemodiálise na cidade, a médica conta que a maioria dos pacientes que chegam em sua clínica, já são casos de urgência. “Se tivesse um diagnóstico precoce, poderia evitar a hemodiálise ou fazer de uma forma mais programada”.
Ela aponta que os maiores causadores de insuficiência renal são diabetes e pressão alta. “O centro tem 180 pacientes. Cerca de 60% são por essas causas”, relata.
As dores causadas por mal funcionamento dos rins são muito fortes, mas Simone conta que tem casos em que o paciente não sente dor. “Quando o paciente sente dor, ele procura o médico, mas os rins podem não funcionar direito e até parar sem que a pessoa sinta dor”.
Simone explica que são muito raros os casos em que os rins se recuperam. Quando chega ao ponto da diálise, a pessoa terá que fazer para o resto da vida, ou então, fazer um transplante de orgãos.
Transplante
É o que deseja Maria Aparecida Gasques, de 31 anos, que faz hemodiálise há mais de seis anos, quando descobriu que os seus rins pararam de funcionar. Mas para o transplante, é necessário aguardar a longa fila de espera. “Tentei fazer o transplante na família, recebendo do pai, mãe ou irmão, mas nenhum deles tinham o sangue compatível com o meu, o que inviabilizou o transplante e me fez entrar na fila de espera”.
Casada e com três filhos, Maria conta que a família fez a diferença para superar o trauma do tratamento. “Quando descobri que teria que fazer a hemodiálise, fiquei mal. Tive que mudar um pouco a minha rotina. Não posso viajar por muitos dias, faço uma dieta rigorosa, mas consegui superar. O apoio da família foi fundamental. Eles são bem compreensivos e me apoiam muito”. As sessões da diálise acontecem três vezes por semana, quatro horas cada sessão.
Foi após o parto do caçula, hoje com oito anos, quando descobriu a deficiência renal. Ela acredita que já tinha problemas com os rins antes da gravidez, mas, após o parto, acabou agravando. “Tive complicações no parto do último filho, deu até hemorragia. Quando meu filho tinha um ano, descobri a doença. Quando completou dois, comecei a fazer a hemodiálise”, explica.
No caso de Maria, como explicou a médica, a doença foi silenciosa e só quando estava muito debilitada, após bateria de exames, descobriu a insuficiência renal.
A mãe diz que leva uma vida normal, mas a ansiedade pela espera de um novo rim é grande. Ela aguarda o telefone tocar e receber a informação de alguém do hospital dizendo que será a próxima da fila.
Moradora de Angatuba, São Paulo, Maria viaja uma hora para vir até a clínica na cidade para a sessão de hemodiálise. O transporte é oferecido pela Prefeitura de Angatuba. Já o tratamento é feito pelo SUS e ela não tem custo nenhum.
Outros orgãos
A Secretaria Estadual de Saúde também informa que o transplante de orgãos aumentou em 17%, passando de 360 cirurgias nos dois primeiros meses de 2011 para 420 neste ano. A taxa de doação do estado é de 21,2 por milhão de habitantes, índice parecido com o dos Estados Unidos, com 25. Além dos rins, o pulmão também teve um aumento considerável, quando passou de três para 13 transplantes no período analisado.
No primeiro bimestre de 2012 foram 16 transplantes de coração, 14 de pâncreas e 105 de fígado, contra 15, 25 e 91 transplantes, respectivamente, no ano passado.
Quem desejar ser doador deve deixar bem claro para a família, já que são eles os responsáveis em autorizar a retirada dos orgãos quando houver caso de morte cerebral.
Fonte: G1
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