Obras no Centro Cultural e Histórico de Itapetininga estão paradas
segunda-feira, 24 de junho de 2013As obras de recuperação do Centro Cultural e Histórico “Basílio Ayres Aguirre”, em Itapetininga (SP), estão paradas. Os trabalhos que começaram em setembro de 2012, foram paralisados em 2013. Segundo a atual administração municipal, a continuidade de restauração depende de um projeto estadual.
De acordo com o secretário de Obras de Itapetininga, Amadeu Graciano Zanolli, apenas a reforma do prédio não seria suficiente. Ele afirma que o prédio deve ser recuperado já que piso, forro e esquadrias estão comprometidos. “É um prédio que tem deficiência de piso, de acessibilidade, de banheiros, além de problemas no revestimento interno feito de taipa de pilão. Então, a prefeitura mandou para a Secretaria Estadual da Cultura um pedido para que ela nos indique qual é a melhor proposta para recuperar essa obra”, diz.
Ainda segundo o secretario, havia uma empresa que fazia a reforma do prédio após ganhar a licitação. O valor orçado para a obra era de aproximadamente R$ 310 mil.
De acordo com o secretário, o orçamento anteriormente previsto não foi suficiente para a conclusão do serviço e para restabelecer as mínimas condições do prédio. Zanolli acredita que vão ser necessários mais de R$ 600 mil para concluir a obra. “Dependendo do que nos for recomendado pela Secretaria de Cultura. Talvez tenhamos que buscar por uma empresa mais especializada no assunto”, afirma.
A restauração foi iniciada em setembro de 2012 e deveria ser feita em três etapas. A primeira seria a reforma do telhado, piso superior e as paredes de taipa de diversas salas. O prédio está bastante deteriorado, tanto que o piso superior foi desativado em outubro de 2011, justamente pelos danos estruturais. Com a paralisação, o local está fechado ao público e interditado por tapumes.
O local onde fica o Centro Cultural e Histórico de Itapetininga foi o primeiro prédio público da cidade. Documentos de 1854 dão conta de sua existência. O imóvel foi destinado inicialmente à cadeia. Com apenas o pavimento térreo, todo em taipa de pilão, o prédio possuía três celas de prisão, uma cela de prisão forte, uma sala de comando da guarda e um saguão interno.
Com a criação da comarca de Itapetininga em 1852, tornou-se necessária a construção de uma sede para o poder judiciário, o Fórum. Entre 1855 e 1862, a Câmara Municipal fez inúmeros pedidos para a construção do prédio próprio para a justiça e para o próprio legislativo.
Com os pedido, ficou decidida a ampliação do prédio. Assim, o prédio da cadeia recebeu um novo andar. A reforma foi autorizada pelos deputados provinciais e concluído por volta de 1877, com as mesmas características no andar inferior e sala da Câmara, arquivo da câmara, sala particular, duas salas livres, sala do juiz e sala de audiência, além de um saguão no andar superior.
Com a saída do poder judiciário e da cadeia em 1906, o local passou a ser sede da Câmara e Prefeitura até o ano de 1989. O local se transformou no Centro Cultural em 1991. As salas foram divididas para abrigar peças raras do ex-presidente Júlio Prestes, nascido na cidade. O espaço também oferecia oficinas musicais e exposições de artistas antes do fechamento para restauração.
Localizado no centro da cidade, na Praça Marechal Deodoro, o local guardava um acervo de famílias tradicionais e personalidades que fizeram parte da história da cidade e do país, como Júlio Prestes. Para o secretário do Museu da Imagem e do Som (MIS) de Itapetininga, Hélio Rubens, a interdição traz perdas. “O Centro Cultural deve conter material que o MIS não contém. O MIS se dedica à imagem e ao som, então, as outras peças que são relíquias, inclusive muitas coisas de Julio prestes e de Cyro Albuquerque são guardadas neste prédio. Não disponibilizar isso para o público é um crime contra a cultura”, afirma.
Moradores afirmam que sentem falta do Centro Cultural. O técnico em segurança Hilário Belarmino de Camargo, disse que a unidade em atividade é uma forma de manter a tradição da cidade. “Acho uma pena deixar um ponto histórico desse fechado. O local deveria ser reformar e manter a tradição”.
O estudante Luís Felipe Miranda compartilha a mesma opinião. “Eu acho que deveria ser aberto por também ser antigo. Ficaria um fato histórico para Itapetininga e também para outras pessoas do Brasil que quiserem visitar”, ressalta.
Fonte: G1